Fernando Andrade| escritor e crítico de literatura
No mar o poema respira duas moléculas do feminino. No mar, o poema dança a onda marítima do som e sentido. Mar e areia são fronteiras, palavras que deitam para vazar seus signos de travestimos, para propor uma poética destes reinos que parecem até reinos de fábulas, onde a moral é (des)razão da roupa, a quentura dos pés nas pedras aladas do calçamento.
Permita-me leitor começar esta resenha com palavras-águas que movem os sentidos do civilizatório para os aspectos do contato da areia nos pés. Para o mergulho tato – poético, quanto semântico, que faz o escriba de oceanos malhar não a pesca dos desvãos da unicidade das coisas. Aqui na usina das vitrines.
Rodrigo produz um diálogo entre os elementos de um universo onde o corpo está solto e livre para ser sintonia com a aspereza da pele, o contato da salina nas lágrimas.
Quem nunca rolou lágrimas no mar? Alquimista das palavras, junta o corpo urbano e o mensurável das coisas, apenas utilitárias como atravessar uma rua com um sinal aberto, aqui o signo é binário, entre o estar vivo e morto para quem não olha os carros. O poeta canta e versa uma elaboração destas pérolas, não ostras, pois sua poética é sempre comunitária com os afetos que percorrem a trilha da rua e um personagem-passageiro desloca-se para um domingo de sol.
Be the first to comment