Fernando Andrade | jornalista e crítico de literatura
O editor chegou para o foca que tinha lhe entregado uma matéria pronta, e gritou com ele, corte corte! Como todo estudante de jornalismo sabe, o primeiro parágrafo da matéria vem o que traz mais importância nela, são os 5 x da questão. O famoso lead. Fico pensando na leitura de narrativas breves onde o peso do que se conta, ou sua surpresa parece já vir no seu final. Ou melhor, toda a estrutura narrativa parece ser esmiuçada para um desfecho que sintetize com graça ou humor ou até surpresa a linha do pensamento da narrativa\ autor.
E aí me vem à mente um desenho que na paleta das cores tenha que ter uma relação entre imagem e sentido. Porque o sentido só aflora depois do olho decodificar aquelas sensações imagéticas. E funciona desta forma, entre pinceladas de matizes de cores, o que o escritor Carlos Castelo, Cacos, editora Penalux, faz é tecer em seus retratos de um cotidiano muito real mas também devidamente muito simbólico, pela cor da imagem-palavra.
Passa muito de um retrato 3×4 de uma situação, pois, sua escrita borrar para fora do quadro, aqueles pedaços de sentidos que o leitor precisa pegar no garrote, pois, a minúcia é um elemento que pode surgir tanto de uma figuração discreta de uma imagem sutil, quanto de um borrão de tinta que revele certo “exagero”. Carlos traduz através da língua do humor, as relações entre pessoas que lidam com as pressões da convivência, ou da conveniência, do saber de certa expectativa com relação ao desejos do que se espera das relações entre os seres.
Excelente análise, Fernando. Muito obrigado pelo espaço dado ao meu livro no seu site. Um bom abraço.