Fernando Andrade | escritor e crítico de literatura
Uma voz que além de narrar distende o seu corpo além do biológico. Uma voz que vai pelos caminhos da sua história, percorrendo uma espécie de escuta dos passos que estão muito além da batida do coração. Ela ecoa entre tempos narrativos, como uma bateria que faz ritmo e entonação; um compasso entre movimento das pernas e momento de destravar memórias. Todo este biorritmo pode se ver e ler no primeiro livro do escritor Gustavo Sartori Barba, Meu corpo social, editado agora pela editora Penalux.
O texto entre o memorialístico e o cronista, vai distendendo os anos do escritor desde a infância em Americana, sua cidade natal, evoluindo numa espécie de maratona geracional sobre o olhar do poeta à sua gênese onde a aldeia é sua linguagem de prova. Gustavo num texto mimético não imiscui da revisão dos acertos e erros, onde a lente das memórias é sempre revista pela escrita minuciosa dos espantos da época que flutuam e marcam as pegadas por onde Gustavo traçou seus caminhos.
Pensamentos, visões, será que moldam nossa mente quando envelhecemos? Como mudar o corpo físico e escrever olhando pelo retrovisor da lembrança cinética? Quais filtros passam por nosso cine-corte-passagem-dos anos? Gustavo responde com a segurança e honestidade de um biógrafo do seu próprio tempo.
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