Fernando Andrade entrevista o escritor João Fernandez

capa - Fernando Andrade entrevista o escritor João Fernandez

 
 
 
 

FERNANDO ANDRADE: Seu livro está escrito com um diário onde você descreve a sua experiência com daime. Como foi a escrita do livro depois de ter experienciado o uso do daime.

JOÃO FERNANDEZ: Na verdade, no meu processo terapêutico com o uso Daime chegam vários insights e reflexões sobre minha vida, abrangendo o âmbito físico, espiritual, minhas relações com as pessoas e várias situações vividas na minha história. É sempre muita informação e que depois não lembro de tudo. Assim, resolvi deixar sempre uma prancheta com folhas e caneta ao meu lado e comecei a anotar tudo que chegava a minha mente neste processo com o Daime. Destas anotações é que surgiu grande parte do conteúdo do livro

FERNANDO ANDRADE: Há uma forte camadas de sentimentos no seu texto, eles afloram de forma muito espontânea. De que forma o daime desbloqueia estas emoções controladas e como é trabalhá-las através da escrita?

JOÃO FERNANDEZ: O Daime é uma bebida enteógena onde consigo acessar os mais recônditos cantos do meu ser. No meu entendimento ele consegue sensibilizar e desbloquear os chakras energéticos do corpo, aguça de sobremaneira minha sensibilidade e, remove a censura racional da mente abrindo a possibilidade de me enxergar sem estas barreiras, Neste estado alterado de consciência as informações brotam quase como uma psicografia do meu próprio espírito utilizando a escrita para se espressar e mandar mensagens

FERNANDO ANDRADE: A relação social no daime parece importante, pois os exercícios se fazem em grupo. Que tipo de conexão se estabelece dentro da beberagem. Por que existe todo um ritual para o uso do daime pelo corpo?

JOÃO FERNANDEZ: Para mim, o Daime é um ser da floresta que traz luz, amor e entendimento onde durante a ingestão desta beberagem, como disse antes, as pessoas ficam extremamentes sensíveis e abertas para experienciar sentimentos, emoções, energias, visões. Neste estado alterado de consciência, a ritualística ajuda a criar um ambiente protegido para estas manifestações e a força de união do grupo reforça esta ambiência criando o sentimento de inclusão em cada indivíduo sabendo que todos tomaram Daime estão “no mesmo barco” se protegendo e ajudando para atravessar este mar de experiências.

FERNANDO ANDRADE: Como sua memória e suas lembranças são trabalhadas no seu corpo depois do uso do daime?

JOÃO FERNANDEZ: Após cada trabalho com o Daime, seja em ambiente terapêutico ou em uma igreja do Santo Daime, me sinto mais vivo me lembrando fortemente como sou parte integrante de uma natureza cheia de belezas onde tudo está conectado e em seu lugar. Com o coração cheio de amor, sensível e, meu corpo, a matéria física fica bem cansada, mesmo que as vivências não necessitem de esforço físico para vivê-las. Estas impressões duram alguns dias em meu corpo, e sempre que relaxo consigo lembrar de algumas vivências e de quais sentimentos foram vivenciados.

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