Fernando Andrade | escritor e jornalista
A poesia pode guardar fronteiras quando a palavra a deixa tão eterna quanto o tempo? Mas podemos fixar o caminho não das pedras, mas da memória do lugar. Por onde passamos o andarilho do calor do sentimento, da passagem aqui tanto física como do eco do tempo. O caminho se faz por imagens, sonhos, metáforas, é sobre estes percursos, sobre o que é atingido, que fala a poeta no livro ‘Travessia’, Celi Luz, editora Batel. Com muita sensibilidade a poeta traceja sem esquadro, rota e estradas por onde pisou na sua trajetória deixando pelas pegadas ecos de Felline. Sim no coração da poeta travellings de viagens fazem as sensações nunca fugazes onde o leitor é não apenas uma câmera acompanhando a rota, mas também um voyeur na trilha das poesias. Há uma transmutação do eu lírico nas coisas, que perfazem o caminho como se a geografia do trajeto não fosse apenas locações com seus objetos, mas gentes que escrevem do lugar. Há aqui uma relação como a pedra do Drumonnd que está no caminho como percurso para uma pedra que desejaríamos ser como essência. Como na pedra da poeta Szymborska, uma pedra cheia de interioridade poética.
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