Livro de poemas ‘O itinerário do Curativo’ brinca com as síndromes paternas e literárias de nosso tempo| Fernando Andrade

NICOLAS BHER - Livro de poemas 'O itinerário do Curativo' brinca com as síndromes paternas e literárias de nosso tempo| Fernando Andrade

 
 
 
 

Fernando Andrade | escritor e jornalista

Muita gente associa o poeta a um homem ou mulher experiente, já com certa idade, tentando a sabedoria para cunhar a vida. O poeta que fala pouco, mas solta palavras preciosas de vez em quando, ele sempre esteve no imaginário fabular do povo. Mas pensando como produzimos nossa própria experiência entre o beco e a larga avenida, seriam uma prática poética misturando ação e reação; palavras motins, e muito silêncio.
Se a vida será passageira o poeta poderia ser a condução para o fim de tudo… assim como a morte está para o vazio. É como talvez falar com certa ausência paterna ou se atrelar à fraternidade materna, e com um coração cheio de amigos transeuntes.
No livro do poeta Nicolas Behr chamado Itinerário do Curativo, editora reformatório, somos acompanhados numa viagem, num certo périplo, pelos meandros das pedras do poeta, que passa pelo livro palavrando família, ditando os rumos a civilização perene. Nicolas aproxima o seu texto de certa anedota filosófica, com um humor certeiro contra convenções sociais.
A linguagem cumpre certa função de anamneses com traços curativos. Com se meditar não fosse apenas transcender o espírito, mas também aprumar quartos internos da nossa bagagem humana.
As palavras curam, mas é no exercício de saber produzir, dosar, gritar, que a boca não servirá apenas para mastigação dos conflitos que a carne passa para o vão.

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