Fernando Andrade | escritor e jornalista
Uma paisagem pode ser uma figura de linguagem…
Não está claro sua fixação, pois ela se desloca por entre origens e fronteiras. Seria mais um sonho cuja imagem se move por devaneios. Assim como a névoa que paira sobre ti, descolorindo espaços, do longe ao muito perto. O poema nunca fixa sobre algum ponto, A escrita de Bert Jr. é móvel, fratura por entre olhos que vislumbram – lembram, do que o leitor pensa sobre o que lê. Desta parte de certa mutação da leitura, onde os sentidos não param nunca de se movimentar por entres, frases, versos, e sons. Mas os poemas do autor em seu novo livro, Nevoandeiro, editora Kotter, estariam mais para uma certa miragem que se reflete na meditação do que absorve por entre bosques e arbustos de filigranas de percepções. O autor cria imagens que brincam de passagem por lugares nunca fixos na memória do leitor. Semelhança e dessemelhança nos brindam com o evento do poema que nunca nos dá a primeira corda de compreensão. O silêncio das palavras ecoam dentro do espírito mais raro do tempo. O poeta dá cabo dos desligamentos da razão, ao sondar o sentido único de uma ideia, pois dela, se cristaliza inúmeros prismas onde estética e significados dançam juntos, amordaçados. Visualidade, textura são olhos por onde o leitor se descortina na mobilidade de certas paisagens.
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