Fernando Andrade | escritor e jornalista
Não temos ensaio neste momento de pandemia, é tudo fato, comprovado, testes de covid, sinais de piora, a crônica nos atualiza com os índices de baixa imunidade, todo o olhar sobre o cotidiano da crônica nos redime de uma dor ou uma febre de mau à pior. Como num tablado onde forjamos nossa voz cotidiana, trabalhando, fugindo de uma rotina, anômala, o vírus se infiltra na rotina suja dos dias. Quem foi Flávia não usa a terceira pessoa do desejo, numa fingida impostação, teatral, ela tá no meio de uma rotina braba, com filhos, maridos, numa linguagem coloquial sobre os testes da sanidade, muito combalida por paranoias, e inseguranças. A autora faz certo exercício de vocação para quem testou, não só fisicamente, mas, também metaforicamente, com seus projetos de futuro ou suas projeções de um self mais resguardado na intimidade do ego. Nesta pandemia, nunca testamos mais nossas idiossincrasias, nossas volições para a dúvida, ou a cartesiana certeza sobre o futuro de algum.
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