Fernando Andrade | escritor
É preciso um pouco de tempo para pensar sobre a arte do cultivo. Não só germinar a semente para terra produzir, mas germinar ideias no solo fertil da imaginação. Cultivar palavras parece um dom poético; escolher as veias os caules que dão sustentação ao poema. Palavras nascem, crescem e tomam forma poética criando beleza na estética do som e do ritmo e capacidade sensoriais da semântica. Um poema pode modular raízes profundas no pensamento do leitor, criando imagens, percepções, estímulos até criativos. É o que percebo no livro da poeta Juliana Martins, Dia dia do jardineiro bipolar, editora 7 letras, com poder da escrita cunhada em muita contemplação criativa sobre andanças e viagens. A autora verifica a vida num contínuo rumo peregrino sobre o desconhecido no universo tanto imaginário como geográfico. Refletir enquanto se anda pelos sete continentes, captar fragrâncias e nuances de cada lugar revisitado. Juliana produz uma linguagem da viagem, mas também íntima em torno do eu andarilho, passeante e poético. Capacidade de buscar o lugar em cada encontro com a alteridade sobre forma de janelas da alma.
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