RESENHA por Luiz Eduardo Carvalho
Alista-se Luís Mingau
nas frentes da poesia
com explosivo arsenal
para a luta contra a hipocrisia
durante o isolamento social.
Potente verve feroz,
com mira iconoclasta,
em versos combativos,
revigorados pelas novas batalhas
travadas em estanques salas,
de vidas vividas por vício
em abstinência de todos os artifícios
e isoladas dos malefícios
do desagregado lá de fora,
onde se mente o convívio coletivo
que a solidariedade ignora
e dilui os sintomas do egoísmo,
da solidão e do cinismo
enquanto grassa o genocídio.
Poesia de grosso calibre
para matar passarinho
do tipo que não admite
nada além do que o umbigo
de si mesmo habitado no limite
do próprio egocentrismo.
Na mesma pauta,
muito inconformismo
que andava em alta
contra a institucionalização
do revigorado segregacionismo,
do contágio da imbecilização,
na onda do neofascismo
que assolou a nação
com o discurso de ódio
a ecoar oca apelação
que levou o asno ao pódio.
Eis que enfaticamente indico
esta leitura para lavar a alma
com as lágrimas do riso
daquilo que ainda falta
daqueles dias ser percebido;
para curar todo trauma,
recomendo deste livro
o óbvio que aos olhos salta,
invisível por não ter sido visto,
exceto pelo poeta que exalta,
com o humor do verso escrito
e com reflexão refinada e lauta,
a qualidade do pensamento crítico.
Excelência em capítulo à parte,
as ilustrações de Gustavo Daldegan
a somar outra expressão de arte
ao recado dado a um amanhã
que desse triste passado se evade
para reabilitar uma vida sã,
antes que seja muito tarde!
Luiz Eduardo de Carvalho é escritor com 12 títulos publicados, entre eles os multipremiados Xadrez, Evoé, 22!, Sessenta e Seis Elos e Um Conto de Réis (e de Rainhas).
Be the first to comment