Fernando Andrade | escritor e jornalista
O fio umbilical que liga a mãe ao corpo. Depois do nascimento, tudo é acontecimento. Umbigo seria a parte esquecida de nossa origem. Mas a escrita também não seria uma espécie de origem. O corpo aprende a andar, falar, interagir. O poema excita, suscita, deixa a sugestão do que está por vir, mesmo tendo um monte de palavras na lembrança. Mas este umbigo será uma corda até poética que liga a vida à arte. Sublimação do que já não é real, como o ato de imaginar ficções de escrever sobre ansiedades crônicas, sobre a escoliose da coluna. Maria Fernanda Aragão, em seu primeiro livro de poemas, Umbigo, editora 7 letras, não complica o poema, deixa-o exposto na clareza de um dia de sol. Mas há sim pequenas sugestões com imagens de sentidos inclusos, reclusos, onde o leitor pode brincar de contar até dez para o significado pintar na mente dele. O cotidiano da poeta com suas dores, e revelias, transformam rotina em beleza, de pura forma estética. Brincar com as palavras para derivar nuances de expressão do conteúdo parece ser um prazer para a autora. Não termine seu livro logo, leia um poema, distraidamente, como se fosse um fim de semana de folga.
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