Fernando Andrade | escritor e jornalista
Nos dados aparecem números onde certa dose de acaso traz quando uma mão soltar o dado no chão. Uma aposta baixa, chegando ao vazio absoluto do zero, perto do um, dois…
Ou uma aposta alta, com alto teor monetário, subindo ao cinco, seis. A matemática é uma técnica de probabilidades…
Mas o ocaso desnorteia os números, como poesia também afronta a matemática. Poderíamos ter uma geometria poética, talvez.
Calculado ou putz calcado em linhas, retas, e pontos ou círculos.
A linguagem do poema pode enlouquecer certa precisão matemática, ordenando o caos, a desordem – a criação ilógica da falta que bate no pulso ou na pulsão de vida que de tão criativa quanto um cheque de vários zeros à direita. No livro Ínterim do poeta e professor, Fernando Gerheim, editora 7 letras, o poema traciona a lógica não binária do certo \ errado dos lados opostos do Ocidente\Oriente.
Através de uma direção lúdica com o verbo aquele inicia o ovo da criação, elementos de semiótica; barulhos do ritmo e a musicalidade dos signos fazem deste livro, uma aventura dionisíaca ao prazer da leitura.
O poeta segue atento aos desvios dos significantes, suas perambulações pela malha gramatical das gentes humanas e prosaicas. Há ainda placas originárias de ordens nietzschianas como numa estrada onde volta é apenas um eterno retorno.
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