Fernando Andrade entrevista a escritora Katherine Funke

Katherine Funke 2 - Fernando Andrade entrevista a escritora Katherine Funke
 
 
 
 

Fernando Andrade – Você escreve de forma tão agradável e leve que o leitor fica com pena de parar a leitura no meio. Bons personagens, precisam de uma estrutura dramática que o desenvolva ao ponto sublime do desenlace. Como é sua escrita neste processo?

Katherine Funke – Muito obrigada, Fernando. Sou uma pessoa disciplinada quanto ao processo criativo, estou sempre escrevendo, reescrevendo, relendo e enviando para publicação. Tenho estudado literatura há muitos anos, tanto em oficinas de escrita criativa e eventos literários quanto na universidade. Cada uma das ficções reunidas em “Flor também” teve uma trajetória diferente, tanto de criação, quanto de publicação.

Fernando Andrade – Nada seria feito se não fosse uma boa trilha, um bom cenário, uma linguagem ágil, frases sintéticas. Você adorna sua história com tudo isso? Comente.

Katherine Funke – Obrigada, não sei bem o que comentar. Os textos são como são. Bacana saber que um leitor crítico e exigente como você conseguiu captar algumas das qualidades dos textos.

Fernando Andrade – Os contos tendem mais a uma certa agulhada cômica, espirituosa. Você não ficou com medo de trazer na forma um livro sem qualquer unidade? Fale disso.

Katherine Funke – Não fiquei com medo, não. Não acho que falta unidade ao conjunto.

Fernando Andrade – Medicina partiu de governos ultra conservadores para uma doutrina e ideologia elitista, e classista. Você chegou a fazer certa crítica a esta questão?

Katherine Funke – Não necessariamente. Mas, sim, em Viagens de Walter uma das questões de fundo é como o atendimento a mulheres gestantes passa por questões de saúde pública e também de saúde da rede privada. Como o Walter é herdeiro de uma grande clínica de obstetrícia que atende a elite, ele tem acesso a uma visão da realidade que despreza as pessoas dependentes do Sistema Único de Saúde e se revolta com isso. É um dos motivos de querer se afastar da família e construir seu próprio caminho profissional, por meio do trabalho e não por herança.

“Põe quanto és no mínimo que fazes”
(Fernando Pessoa)
katherinefunke.tumblr.com

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