Fernando Andrade | escritor e jornalista
O rock está vivo. Estamos no ano 2024, e parece que esta frase contém certa dose de falácia. Ou o movimento ainda vive de seus mitos, seus ritos, sua memória sobre finitude, imortalidades e outras conveniências. Se na década de 80 tivemos filiações de uma infinidade de vertentes, o pós punk, a new wave, hoje aqui no Brasil vivemos de apenas certo saudosismo daquela época. Mas o rock gerou e gera cultura, que inclui moda, estética, e outras coisitas mais. Quando leio o livro quase documental do jornalista e crítico de música, Jotabê Medeiros A culpa é do Lou Reed pela editora Reformatório, penso no funcionamento do meios de comunicação em qualquer lugar, onde com o passar do tempo os valores da cultura tornam-se um tanto comerciais, palatáveis demais, porque será que o consumo disso emburreceu. Tá aí a ironia do título do livro, onde o roqueiro Lou declamava alto e bom som, que rock não deveria ser tão selvagem, e sofrer influência de outras etapas da arte, como a música erudita, ou clássica, o jazz. Medeiros fala de um crítico de rock que mistura elementos semidocumentais com uma trama de ficção onde fica difícil estabelecer onde o fato se separa da invenção, onde é tão bem misturada estas linhas entre mito e realidade, entre biografias e ilusionismo. O livro percorre tão bem São Paulo, onde a boêmia imperava, e ditava melodias sobre hedonismo, e liberdade. O interessante é notar que o livro aproxima estilo e gramática, de um pensamento contracultural muito em voga nos artistas principalmente da MPB. Embora o livro foque mais ou tudo sobre o que você quis perguntar sobre a estética do Rock, gringo e nacional. Na década de 80 saímos de uma ditadura onde o estilo derivou mais inconformismo com ironia, para falar do concreto que já rachou. citação à plebe rude.
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