LUTO
para Carlos F. B. Martin
um dia o cultivo – secreto – de flores
/ do amor abstrato aos gestos concretos
(mãos imundas de terra, projetos, suores) /
romperá o asfalto de um modo insurrecto
e claro em seus livres mas caros valores,
luzindo com porte de coisas solares:
fraturas expostas na esteira dos séculos
avessas, em tudo, aos seres suaves.
pensando em matizes de cor tão vibrantes
, que nem poderia – que pena? – cantá-las,
resguardo-me apenas ao mero recolho
do exemplo, preciso, presente no ato
(a rose is a rose is a rose is a rose…)
de grande coragem que é ser generoso.
MÍNIMA CANTADA
com tanto amor
(assim mormente)
meu bem prescinde
de qualquer canto
Renan Nuernberger nasceu em São Paulo, em 1986. Publicou Mesmo poemas (Selo Sebastião Grifo, 2010) e Luto (Patuá, 2017), ambos com apoio do ProAC da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, e organizou a antologia Armando Freitas Filho (EdUERJ, 2011) para a coleção Ciranda da Poesia.
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