Três poemas de Bruno Candéas

BRUNO CANDEAS 246x300 - Três poemas de Bruno Candéas

 

 

Sem título

olá
meu nome
é povo
 
sempre
disposto
a começar
de novo
 
sangue
que nunca
escorre
 
sou meu
próprio porre
 
alma
que não
declina
 
sou minha
própria vagina
 
ASSALARIADA
 
rodando
bolsa
na estrada
 
DES-PRO-TE-GI-DA
 
sentada
no torno
da vida
 
preenchida
por tipos
e protótipos
 
por nórdicos
por nordestinos
 
por cretenses
e por cretinos
 
 
 

 

Sem título

a vida é mais bonita
no meio da pista
 
meus grandes planos
estão queimando
 
meus bons amigos
foragidos
 
a vida é mais completa
com a janela aberta
 
meus vôos insanos
estão pousando
 
meus bons ruídos
constrangidos

 

 

 

Sem título

desvende meus medos
não minhas tatuagens
 
dome minha perversão
não meus fetiches
 
perambule pela névoa
não pelo eclipse
 
vasculhe cofres
não estrofes
 
ofereça-me hipóteses
não hipotenusas
 
sou cateter
vascularizado
 
rasgado pela incisão
da navalha
 
teatrauma tosco
mortalha
 
tralha
 

 

 

BRUNO CANDÉAS, considerado pela crítica como um dos mais cáusticos e criativos poetas de sua geração, autor de Poeta nu na alcova, Filé, Férias do gueto, A trégua dos ditadores, Indigestual e Teatrauma. 

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