EFÊMERAS ETERNIDADES
É mais tarde do que cedo
nas beiras do meu tempo que se estreita
entre as curvas dos meus abismos.
Não faço malabarismos entre horas e segundos
pois entre ambos
respeitosos minutos se esgueiram
suspendendo fios compridos
de invisíveis eternidades.
É certo que viver também é isso:
esticar ao máximo futuro do indicativo
qualquer suspeita de pretérito tão imperfeito.
É preciso um dia fora do tempo.
Talvez um mês de esquecimentos.
Quem sabe assim
meus relógios se atrasem
para um passeio sem pressa
nas esquinas de todas aquelas que fui em mim.
Darei de cara comigo
brincando de infinitivos
lá bem distante
onde te encontrarei – espelho de uma de mim –
sonhando gerúndios em prelúdios e prenúncios
de um verbo ser mais que perfeito.
08.07.2018
A CHAMA
Meus olhos de criança
ainda guardam esperanças de mundo
sonhos feito pavios compridos
ao queimar da vela sempre acesa
– não me iludo –
sei que um dia o vento virá
afoito e sorrateiro
haverá de apagar a chama
serei outra
sempre outra
e mais outra
tantas quantas forem
suficientes
ao encantamento de outros tempos
quiçá paraísos sonolentos.
04.06.2018
EPITÁFIO
Quando de mim
só restarem escombros
não se assuste
não é nada não
tudo é nada sim
sempre assim
desde o meu começo
até o meu fim.
– quem sabe depois desse agora
tenhamos outros recomeços
em que viver seja
– de verdade –
morar na casa dos nossos dentros
– sem alarde –
como um sol de fim de tarde.
01.07.2018
Nic Cardeal – Na grafia da vida que se fez minha, não sei dizer ao certo a que fim eu vim. Só sei que vim. Andei por lugares diversos, contei estrelas, juntei pedrinhas (e livros) pelos caminhos. Sou desajeitada. Calada. Quase esquisita. Minha voz tem som de silêncios. Enquanto não consigo dizer-me muito, faço de conta que me faço em palavras. Por isso escrevo: meu manual de sobrevivência. Meus escritos estão compilados na página do facebook: ‘Escrevo porque sou rascunho’ (https://www.facebook.com/Niccardealpoesias/)
Os poemas e textos de Nic Cardeal nos fazem viajar para dentro de nossos infinitos, são maravilhosos!
Muito grata pela torcida de sempre, Angélica Ayres!
Sempre muito grata, Angélica Ayres!
Admiro cada vez mais esta querida poetisa a quem tive o prazer de conhecer no Facebook.
As palavras ganham “vida” em suas mãos.
Obrigada, Rute Aparecida de Almeida!
Excelentes poemas..
Agradeço, Cristiane Monteiro Rosa Moura!
Ando encantada com essa poetisa que se diz rascunho e que nos abre ” janelas de olhar pra dentro”. E olhamos!
Agradeço profundamente suas palavras, Maria José Dolabela! Tocar a alma é a maior tarefa de quem lapida palavras no arado das ‘terras internas’… quando a semeadura vinga a alegria da colheita será sempre certa!