Rêverie
O que pensar destas noites fanhas em que se navega sozinho
por uma casa vazia e pensamentos inseguros,
à deriva da vida?
Francamente,
Não sei nem se realmente estou acordado…
E pra que ligar pra estes sonhos mortos de uma Quarta-feira blasé?
Encare assim:
Ou se vê as horas enferrujarem,
Ou se desgasta a puerilidade da alma.
Tamanduá-bandeira
Meu tamanduá é o esquecimento
que vai invadindo o formigueiro
e o bagunça até ruir.
Meu tamanduá nasceu no estrangeiro.
Gigante como o Progresso,
esmaga a grama pregressa.
Meu tamanduá se diz Tupiniquim,
mas nunca o foi,
e usa o nome de máscara
para esconder os cadáveres em sua boca.
Meu tamanduá é silêncio,
uma língua comprida que envolveu
e sumiu com tantas outras…
Este tamanduá já se viu bicho,
mas hoje se tornou um processo inorgânico.
Mal sabe ele, porém,
que de baixo da terra há túneis
intermináveis
repletos de formigas unidas.
Preguiça?
Só ouço falar nas árvores de pedra.
Carnaval dos animais (enjaulados)
Festividade de quê?
Neste ano já não lembro,
Já não falo, nem me escuto.
Ainda assim chove,
E o rancor segue solene,
Nem tão jovem,
Mais ainda perene.
Aliás, chove agora,
A rua vai alagando…
Preciso de um escafandro:
Lá me salvo da enchente,
E bem posso gritar,
Para sempre,
Tudo aquilo que minha vergonha me constrange e me afoga
No avolumar dos instantes.
Sua boca segue linda.
E a minha?
Sem voz para admitir isso.
Diego Andrade de Carvalho nasceu em 22 de Julho de 1997, no Rio de Janeiro. Hoje estuda Letras: Português e Alemão na Universidade de São Paulo. Possui um poema publicado na edição de 2015 da revista Originais Reprovados, do curso de Editoração da mesma universidade. Escreve desde os 14 anos, explorando a poesia e prosa em busca de aperfeiçoamento. Seu maior interesse além da Literatura é a Música, em suas várias manifestações. Vê a arte como uma forma de resistência e sensibilização em busca de uma sociedade melhor.
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