Três poemas de Ana Farrah

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Hoje vou conquistar o mundo
só preciso antes
passar um batom

digo dos lábios molhados
digo que é batom, um batom
_é só um batom
digo que é gloss
_sabe, batom brilhoso? parece molhado
Ela diz:
_sometimesglossistheboss
(concordo
guardando o espelho na bolsa)

 

 

**

Do amor sou prego martelo vigas betoneira argamassa
chefe de obras a própria mão assentando tijolos
construo um prédio inteiro e mando ladrilhar.
Depois com o mesmo empenho
compro aquelas bolas de destruição dinamito ponho fogo
E tudo pelos ares. É bonito de ver.

 

 

**
Porque amor mesmo com a cara
letárgica que diz ah põe qualquer coisa tá lindo
assim. É bonito e eu preciso. me amam
pelo jeito de caminhar e segurar o copo e
quando já levemente embriagada gargalhadas
incomodativas (quem é que aguenta? o AMOR).
Me amam pela assimetria dos traços o desajuste
do cabelo a cor sem cor o viço e o embaçado
do olho (quem é que vê? o AMOR). Quem tolera
meu terror noturno? “E então eu nasci e nasceu
comigo o deus do amor — que fará o amor
quando eu me for?”

**

 

 

Ana Farrah é gaúcha de 1981; Teve sua escrita notada nas redes sociais quando seus textos começaram a ser publicados em blogs e revistas eletrônicas de literatura contemporânea no Brasil e em Portugal. É colaboradora/curadora na Malarmargens, revista virtual de poesia e arte contemporânea. Escreve poesia sarcástica, mas transita entre outros estilos. Ana no momento trabalha com estética e escreve nos intervalos entre uma massagem e outra. Publicou o livro “Orquídea Trepadeira e outras flores ordinárias”, em 2017, pela Editora Benfazeja. Seu próximo livro, “Os Mortos do Apartamento 21”, será lançado no segundo semestre pela Editora Patuá.

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