“Sobre o oceano magnético e magnânimo.” – 4 poemas de José Pascoal

José Pascoal 205x300 - "Sobre o oceano magnético e magnânimo." -  4 poemas de José Pascoal

 

 

LOCALIZAÇÃO

ONDE ESTOU EU

Estava eu sentado
Entre aligátores e galinhas,
Ou seja, no vazio escuro,
Quando me pus a discursar
Sobre os meus medos viscerais;
Era essa hora da manhã,
Aflita e fugidia,
Em que me costumo expor
Com a clareza,
Inteiramente
Irresponsável,
Que me falta nos dias úteis.

 

 

NO PARAÍSO

Gostava de estar no paraíso,
Ao que dizem, um sítio
Bom pra caramba,
Não fossem
Os que para lá vão.

 

 

DO LADO DE CÁ

Do lado de cá,
Fazem feridas
Com grande diâmetro,
Bombas explosivas
De todo o tamanho,
Fogos florestais
Durante o Verão,
Com a precisão
Matemática,
Metafísica,
De hinos cantados
À Mãe Dolorosa.

 

 

COM O SANGUE A CORRER NAS VEIAS

O corpo precisa de espaço,
Os olhos sem areia,
A boca sem mordaça,
Os ombros à esquerda,
O sexo descentrado,
As coxas separadas,
Os joelhos no chão greco-romano,
Os pés para que vos quero,
Para longe dos quartéis,
Para longe dos gabinetes,
Num planalto cambado
Sobre o oceano magnético e magnânimo.

 

 

José Pascoal nasceu em 1953, Torres Vedras, Portugal. É licenciado em Direito, escreve poesia, sobretudo. Em 2107, inicia a publicação duma quadrilogia dedicada à poesia escrita entre 1972 e 2017:

– Sob Este Título, Editorial Minerva, Lisboa, 2017
– Antídotos, Editorial Minerva, Lisboa, 2018
– Excertos Incertos, Editorial Minerva, Lisboa, 2018
– Ponto Infinito, Editorial Minerva, Lisboa, 2018 (no prelo)

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