Há uma sensação do eu no privado. Uma sensação só de quem entra no banheiro privadamente. Ali, só estamos com nosso corpo. Mas o corpo alastra seu umbigo para outras zonas que não estoicas consigo mesmo. O corpo às vezes briga com o coletivo, ou às vezes adere à uma manada. Me vê um torrão de açúcar? Vende-se um torrão de terra. A torre caiu, mas antes era vista por um rei que decapitava incréus e subversivos. A reforma ortográfica acabou de dizer que vai fazer a reforma agrária. Botar os pontos nos is. A poesia de Paulo de Toledo, não aglutina, senhoras e senhores. Ela tem uma ideia coletivizada, mas não concentra terras nem significados. Parti da concentração de uma agremiação ou do samba ou partidária para falar de um individualismo que sai do banheiro e quer se espraiar pelo resto.
Em seu livro Torrão e outros poemas, ( editora Patuá) Paulo territorializa uma semântica sobre o condensamento do eu na política cotidiana aqui cabendo tanto um dono de terras que cerca sua fazenda toda de arame farpado, ou um dono de capital que tenha o fronte ao torrão e sua torre. Através de poemas alusivos e até meio metalinguísticos vai zoneando a cultura de massa em busca de letras do Chico Buarque, histórias de fadas, descontruindo o discurso da posse, por uma pilheria ou humor ferino indo do alegórico ao próprio processo linguístico do poema. A parte pelo todo, seria mas eficaz quando se fala da desconstrução da força imperialista. E como se cada peça de quebra-cabeça tivesse mais força que o próprio montado(r). Na arte de encaixar peças que a subversão se faz inclusa.
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