Até que ponto o olhar sob a vastidão do mar alcança um amor – vacuidade, ou um amor despentercido. Talvez ao poeta, olhar para o mar seja mirada de lugar algum, ao mesmo tempo ponto convexo onde toda seu balaio poético balance numa dança anímica com as palavras. O mar: uma espécie de esfinge cifrada de amar, traria nos olhos, pois o poema, acha este crítico começa ali, tanto à ponto de cozimento, cozinha-lo é antes de tudo saber das suas misturas: linguagem afeto, experiências, quanto ao seu estudo comparativo e referencial, pois aos olhos é dado o estudo do movimento e do balanço, claro do mar.
Vejo um pouco este livro que leio o Ultramar e outros mares da poeta Alice Monteiro (editora Ibis Libris) como esta aprumada não sob ponto de vista de um barco, mas sim estando o poeta cá no continente Américo, a olhar a costa Européia ou Africana. Como a costa não mais tocada do amado, que se deitou um dia, mas que ao rememorar a narradora-poeta, não está mais pelo lugar que vai ou põe. Alice traceja sob o ponto da memória, um estado, que só pode está sob o signo não só do esquecimento, aquele que é fogo-fátuo do desejo, mas também sob a ótica da palavra torneada em poema.
Seus poemas deslizam sob tempos, espaços, numa espécie de costura do outro, mas há ali, tipos de temperamentos que são talvez, misturados aos quatro elementos, naturais. água, terra, fogo e ar. Não digo que sua estética parta da parte da miragem, do ponto alucinatório do que se vê não tendo se visto. É muito mas uma mirada sob o aspecto da sua memória. É como lembrar do amor, está, ou estando sob águas, revoltosas, ou instáveis. Mirar a outra a costa, às vezes, traz sob o foco interior muito mais fogo interior do que vê no exato momento, o átimo presencial que surge diante dos olhos. É tempo das palavras se anuviarem em nuvens trans-poéticas.
cotação: bom
Lançamento do livro Ultramares e outros mares de Alice Monteiro.
Serviço – dia 24 de Novembro, às 18 horas.
Endereço Shopping Jardim – Vitória
Rua Carlos Eduardo Monteiro de Lemos n 262 – jardim da Penha
FERNANDO ANDRADE, jornalista, poeta e crítico de literatura. Faz parte do Coletivo de Arte Caneta Lente e Pincel. Participa também do coletivo Clube de leitura onde tem dois contos em coletâneas: Quadris no volume 3 e Canteiro no volume 4 do Clube da leitura. Colaborador no Portal Ambrosia realizando entrevistas com escritores e escrevendo resenhas de livros. Tem dois livros de poesia pela editora Oito e Meio, Lacan Por Câmeras Cinematográficas e Poemometria, e Enclave (poemas) pela Editora Patuá. Seu poema “A cidade é um corpo” participou da exposição Poesia agora em Salvador e no Rio de Janeiro. Lançou em 2018 o seu quarto livro de poemas A perpetuação da espécie, Editora Penalux.
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