Todas as saudades do mundo, editora Folheando, 2018, livro de poemas de Amanda Cardoso. No texto inicial ela nos dará alguns traços do desenho paisagístico que será elaborado pelo eu-lírico que habitará consideravelmente boa parte do território da obra.
O poema de abertura na página 15 diz assim:
Serei apenas eu, breve, passageira
E tua antiga companheira
E isto me dói por um milênio.
O poeta e crítico literário Airton Souza escreve no prefácio do livro
Airton discerniu bem, em sua análise, a essência poética de Cardoso, existem estas geografias e uma espécie duma outra, mas íntima, neste caso aglutinaria no processo de compreensão mais um elemento: a geografia íntima.
Cardoso guarda numa significativa parte dos seus versos o luto, vizinho da saudade, que enverga de algum modo a lombar dos dias e a aproxima do mito grego Atlas, mas no caso dela, o imensurável peso, não tem matéria, foi dissolvido pelo passado, e renitentemente este espírito sem trégua a revisita; permanecendo o presente como um anfitriã a dar acomodação diária para as dores represadas pela lembrança.
A poética de Amanda diante desta geografia intima dialoga em tom confessional, apontando convergentemente para um conhecido poema do mestre e poeta Itabirano. Amanda diz:
grosseira demais para dar
espaço a dor alheia
A poeta parece puxar sozinha a corda deste passado, quem observa de longe não a vê em vantagem. A memória sutilmente consome os possíveis lírios do presente.
Análise perfeita
Diana, obrigado!