“escrita em rocha, em pluma” – Três poemas de Alberto Bresciani

 

PERSONAS

Um engano, um falso nome
ou este
que a ninguém nomeia

O perfil fake, a biografia reescrita
a lápis, d’ après qualquer um
que não nós mesmos,

cheios de orgulho, cheios
de ventos, nós,
os falsos prodígios, os falsos profetas,

tão sólidos como o copo
sobre a escarpa, a pera
secando ao sol

Quanto de erro,
quanto de cura e salvação
nos permitiram as imagens de cera?

 

 

OBLÍVIO

Um espinho na palma da mão,
a herança ou a graça
Um nome, história
escrita em rocha, em pluma,
no canto dos olhos

Uma planta, um tempo,
uma gema que amamos,
queremos,
e sem garantias,
sem garras e armas,
aprendemos,
grão por grão,
a esquecer.

 

 

MOVIMENTO PARA A AUSÊNCIA

Seus olhos tão tristes,
como os do gato
abandonado no ermo
de outra cidade

O sorriso forçado
e seguia com os retratos
de uma época
forjada em luz

Imóvel, no convés,
eu fingia ler um poema
enquanto o navio se erguia
para afundar.

 

 

Alberto Bresciani nasceu no Rio de Janeiro. Vive em Brasília. É autor de Incompleto movimento (José Olympio Editora, 2011) e de Sem passagem para Barcelona (José Olympio Editora, 2015, finalista do prêmio APCA de Literatura – Poesia de 2015).
Integra, entre outras, as antologias Outras ruminações (Dobra editorial, 2014), Hiperconexões (Editora Patuá, 2014), Pássaro liberto (Scortecci Editora, 2015), Pessoa – Littérature brésilienne contemporaine (Revista Pessoa, edition spéciale – Salon du Livre de Paris, 2015) e Escriptonita (Editora Patuá, 2016). Tem poemas publicados em portais, blogs e sítios da internet e em revistas e jornais impressos.

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This Article Has 1 Comment
  1. IVANA Santos Reply

    Poesias maravilhosas!!!!!

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