RUIDO BRANCO FABIO MARIANO - Fernando Andrade entrevista o escritor Fábio Mariano

Fernando Andrade entrevista o escritor Fábio Mariano

23 de Novembro, 2020

Poemas
Cleonice Vaz Literatura e Fechadura 1 - Fernando Andrade entrevista a escritora Cleo Vaz
Entrevista

Fernando Andrade entrevista a escritora Cleo Vaz

Cleonice Vaz Literatura e Fechadura 1 - Fernando Andrade entrevista a escritora Cleo Vaz

cleo.vaz.carvalho@gmail.com

 
 
 
 

FERNANDO – A voz da narradora mistura estilos literários diversos como o poético, e também um acento de ensaio sobre as relações antes entre Gêneros masculino e feminino. Como foi construir esta ponte entre tantos gêneros literários para falar da sexualidade humana na sua forma mais espontânea?

CLEO – Fazer a ponte entre, tanto os Gêneros literários, quanto  entre os gêneros Feminino e Masculino, porque já havia uma pesquisa anterior para o Mestrado e o Doutorado, correspondente a nove anos durante o Mestrado;  elaborei uma Dissertação sobre a Escrita da Mulher, analisando o desencontro amoroso em romances da Lygia Fagundes Teles, Nélida Piñon, Hilda Hilst e até nos contos e poemas da Adélia Prado. Já no Doutorado, me ative ao diálogo entre os pares amorosos nos nove romances da Clarice Lispector.

 

FERNANDO –  A fera seria um superego poético da narradora desconstruindo os modelos de idealização da personagem sobre os homens? No processo de escrita temos a autocrítica do que expomos de conteúdo para o mundo.  Que relação poderia se ver entre fera no campo da sexualidade à gênese da escrita enquanto fomento  destes mesmos aspectos das pulsões sexuais.

CLEO – Sim, podemos considerar a Fera como um superego da protagonista, Vera, a sabotar-lhe os sonhos, os desejos – aonde houver escuridão, habitarei … sou Fera e à Fera tornarás, sempre.

 

FERNANDO – Os homens parecem estar em descompasso com a intimidade feminina. Fogem ao compromisso. Por que há tantas diferenças nos quereres masculinos e femininos?

CLEO –  A própria formação da sexualidade é diversa nos dois sexos: a mulher tende a espalhar pelo corpo inteiro o frisson sexual, já o homem, o centra mais na genitália, se instalando um imediatismo nas demandas sexuais.
Vera é sonhadora, romântica, sempre naquela expectativa da chegada de um grande amor; por outro lado, os tais homens da estrada desamorosa a frustram subsequentemente.

 

FERNANDO – Há um linda “interferência” da escuta psicanalítica no romance. Pontuado por belos insights poéticos sobre a escuta do outro. Como foi tecer esta relação da psicanálise com a ficção?

CLEO –  A tecitura Psicanálise – Literatura instalou-se inexoravelmente pois a minha formação acadêmica é em Psicologia: os insights foram se imiscuindo, sorrateiramente, à ficção, resultando em revelações poéticas, como aquela da associação entre os olhos caramelados de F. e as “baratas doces” clariceanas.

 

FERNANDO –  Como é seu processo criativo? Por onde começa um novo trabalho, pelo tema, pela voz?

CLEO – O meu processo criativo é caótico: não sei dizer, claramente, de onde surgiu a Fera – se impôs! A construção da narrativa saiu como um jorro, a Teoria do Feminino se misturando como água na areia – sumindo.
Meu segundo romance, Lola Copacabana,  o mesmo “desprocesso”. As frases vão jorrando, impõe a Carnavalização. Estou pesquisando para um terceiro livro, Helena, sei de antemão que, na hora H da escrita, sairá caótico.

 

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